sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

No tempo já gasto


É no tempo que nos recostamos
Confortáveis, esperançosos,
Pois só ele controla
O envelhecimento dos rançosos.
É uma miragem,
Sem margem,
Não tem fim se não quisermos,
Está lá se nós estivermos.
Persegue-nos.
É cobardia.
É o tempo já gasto.
Desperdiçado
Numa névoa que ardia.
E quando não sei,
é desse tempo que também
eu faço meu encosto,
e desgosto.
Vergonha,
é coisa que nem todos têm
É pacto de letras miudinhas
que nem todos vêem.
Leiam nas entrelinhas...
Dos meus dedos nasce fumo,
Ainda não sou feiticeira negra,
É por isso que não durmo
Tenho língua biforcada
Mas vejo sempre uns três lados.
Palavras ciseladas,
Escrevo no meu luto.
São voláteis,
ineternas,
conscientes, hábeis.
São-vos externas...

Sem comentários: