Não querendo agoirar, mas as nossas adoradas férias eventualmente chegarão ao fim, e esse fim, aproxima-se. E assim, todos retomaremos os nossos postos de trabalho...sendo estes para um grande parte da população, as escolas.
No caso da Marta, nome fictício, o facto de ter de mudar de escola este ano, está a tornar-se um pesadelo: como ficarão a saber aqueles que ainda não sabem, depois do 9º ano de escolaridade, caso queirão continuar os estudos, os alunos têm de escolher uma área para estudar. Tendo 5 escolhas possíveis, Marta optou por seguir Ciências e Tecnologias, e assim, uma vez que supostamente frequentará o 10º ano de escolaridade, tem de mudar de escola. Novas escolhas tiveram de ser feitas, deixando na matrícula assinaladas 5 escolas que desejaria frequentar, por ordem de preferência.
Ora, ao contrário do que se esperaria, Marta não entrou na escola de primeira escolha, acompanhada pelas suas amigas, deparou-se com o facto de também não constar na lista de alunos admitidos na segunda escola, nem na terceira, nem na quarta, e muito menos na quinta, onde fui bastante mal atendida.
Na lei, consta que caso o aluno não seja admitido na última escola da sua lista, esta tem o dever de o contactar informando-o do caso.
Isto pode, ou não eter sido cumprido, pois a mãe de Marta recebeu, durante a sua ausencia para férias, um telefonema não identificado de alguém que desejava discutir a admissão da sua filha nas escolas. Falaram então com a sua antiga escola, que declarou não ser a autora do telefonema, pois Marta já não lhe "pertencia".
Era esta a informação que pretendia obter por parte da quinta escola, se tinham telefonado, ou não. Mas antes que pudessem pedi-la à senhora Fernanda, nome não fictício, "senhora-com-uma-função-que-não-consigo-definir", o telefone na sua secretária tocou.
"-Bom dia, Escola Secundária de Camões, blábláblábláblábláblá..."
--é pouco educado escutar as conversas, mas esta estava a durar tanto tempo que não puderam não ouvir--
"...ai recebeu um postal a dizer que o seu filho entrou na escola? Olhe que bom, tenho aqui uma desgraçada que nem na escola entrou! bláblábláblábláblá..."
"...olhe, chamo-me Fernanda, bláblábláblábláblá..."
Tamborilavam com os dedos no blacão, tossiam e pigarreavam, e no entanto a conversa continuava. Podiam até ter desligado o telefone à senhora. Mas esta conversa durava tanto tempo que quase trocavam receitas pelo telefone!!!
Finalmente ela pousou o auscultador, e nisto as jovens determindas indagaram sobre o telefonema mistério.
D. Fernanda descartou as culpas (que na verdade nem existiam!) afirmando que não tinha acesso a essa informação e bláblábláblá... Assim, pediram o número de telefone da escola, que lhes foi transmitido mas com o aviso de que aquele género de informação também não era partilhada por telefone. "Esperem até às duas que é quando a secretaria abre..." blábláblá... podia até dizer para visitarem o bar...Horários e mais horários estavam a ser vomitados pela D. Fernanda sempre com o aparente objectivo de descartar culpas!
Assim, as jovens decidiram que não estavam pacientes o suficiente para a situação se desenrolar mais, deram as boas-tardes e virando as costas, saíram.
Não se sabe como ficou D. Fernanda, mas calcula-se que tenha continuado a vomitar horários...e a trocar receitas pelo telefone.
Mais tarde foram informadas de que esta situação tem estado a acontecer a vários alunos que querem ingressar no 10º ano este ano. Por isso posso tirar algumas conclusões:
"Em 1992 houve um mini baby-boom."; "O país é governado por D. Fernandas"; "Os alunos de 92 são muito inteligentes"; "Os alunos de 91 são pouco inteligentes"; e outras mais...
Peço apenas que caso despeçam a D. Fernanda do seu posto que me informem. É que ela lembra-me um anuncio que anda a passar, que tem como tema " livre-se do seu mono, já", mas por outro lado parece-me normal que a conservem uma vez que têm panfletos da escola impressos ao contrário. Uma desonra para o autor d'Os Lusíadas.